A expressão "crise na Gávea" à tempos circula pelos torcedores rubro-negros, mas após o jogo contra o Athletico Paranaense na noite desta quarta é que ela pode ser considerada indiscutível: o Flamengo está em crise! Crise técnica, interna, de departamentos, de desempenho, hoje o Flamengo não dá menores indícios de que é o clube de ponta que vem se formando nos últimos anos. A verdade é uma: desde Jorge Jesus o time nunca conseguiu desempenhar o mesmo futebol, independente de quem fosse o comandante. Mas ao mesmo tempo estar tão longe da briga pelo Brasileirão condiciona Renato Gaúcho à um posto que só ele ocupou desde a saída do português: um jogo para definir um ano.
O Flamengo que entrou em campo pela semifinal da Copa do Brasil já sabia que no Campeonato Brasileiro tinha poucas chances de título e que nada no jogo contra o Athletico mudaria isso, mas também sabia que a necessidade de ir à final se tornava obrigação. Tendo a Libertadores como um jogo a parte, o ano do Flamengo dependia exclusivamente de eliminar o Furacão e avançar para a final do torneio nacional, muito para amenizar os péssimos resultados no Brasileirão. A eliminação, por outro lado, expõe o fracasso rubro-negro no país e faz o time depender única e exclusivamente do jogo contra o Palmeiras para salvar o ano.
O time teve posse de bola. Muita! Trocou passes como um treino contra o Athletico Paranaense, que se postava inteiro atrás da bola. Bem verdade que nem deu tempo do juiz apitar e o rubro-negro paranaense já ganhava por 1 x 0 após pênalti infantil de Filipe Luiz, e isso veio a dificultar muito a vida dos comandados de Renato. Mas não ameniza a falta de criatividade de um time que, pelo terceiro jogo "quase seguido" não conseguiu criar absolutamente nada mesmo rondando o adversário no último quarto do campo. É quase uma tônica, girar a bola, passando por todos os jogadores da parte de trás, sem que ela chegue em situação finalizável aos atacantes. Nas poucas chances que teve, o Flamengo parou em Santos ou em finalizações bizarras de Gabigol e Andreas Pereira. O belga fez um jogo para esquecer, claramente nervoso na tomada de decisão.
Um jogador se salvar: Michael. Entrou no segundo tempo, criou pelo menos cinco boas oportunidades e mostrou que tem que ser titular. No lugar de quem? Renato pode escolher. Everton Ribeiro não joga bem a algum tempo e em nada ajuda na reposição de Arrascaeta; Andreas fora da sua posição parece ser um a menos em campo; nem mesmo Gabigol consegue justificar a titularidade pois parece não encaixar à alguns jogos nesse time.
Se todos estão mal, de quem é a culpa? Renato Gaúcho voltou à elogiar o trabalho e frisar o calendário apertado. Parece não ter aprendido bem o "manual de treinador" deixado pelo português que lhe deu um baile à dois anos. O Flamengo está a deriva à exatos 29 dias da final da Copa Libertadores. 13 pontos o separam do líder do Brasileirão Atlético Mineiro, que será também seu próximo adversário, no sábado. Vencer não ajuda em quase nada na luta pelo título, que ainda será um objetivo quase impossível à ser alcançado. O Flamengo terá 8 jogos até a peleja que definirá o campeão da América. Perder significa um ano jogado no lixo e provavelmente chacoalhará o ambiente de forma que não se via à três anos. Vencer? Ser tricampeão da Libertadores significa um feito histórico para o elenco, que se tornará o mais vencedor da história do Flamengo. Um linha muito tênue, que Renato Gaúcho terá que administrar nas próximas semanas.
Veja abaixo os melhores momentos de Flamengo 0 x 3 Athletico Paranaense: